Quando entra no sobrado da rua Sete de Setembro encontra Kelly andando de um lado para o outro sob a clarabóia.
"Procurei café e não achei. Você não tem café?"
"Por que você não vai embora e volta de noite, para a lição?"
"Apareceu um rato e eu joguei um livro nele mas não consegui acertar."
"Por que voce fez isso?"
"Pra matar o rato."
"A gente começa matando um rato, depois mata um ladrão, depois um judeu, depois uma criança da vizinhança com a cabeça grande, depois uma criança da nossa família com a cabeça grande."
"Um rato? Qual o mal em matar um rato?"
"E uma criança com a cabeça grande?"
"Procurei café e não achei. Você não tem café?"
"Por que você não vai embora e volta de noite, para a lição?"
"Apareceu um rato e eu joguei um livro nele mas não consegui acertar."
"Por que voce fez isso?"
"Pra matar o rato."
"A gente começa matando um rato, depois mata um ladrão, depois um judeu, depois uma criança da vizinhança com a cabeça grande, depois uma criança da nossa família com a cabeça grande."
"Um rato? Qual o mal em matar um rato?"
"E uma criança com a cabeça grande?"
A arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro. In: Romance Negro e Outras Histórias. Rubem Fonseca.
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