10 de abril de 2010
VERSO:
Encontro-me parado, de pé, no pátio central de um palácio colonial,
onde há um jardim de plantas de um só tipo
No lugar em que deveriam estar as janelas do casarão,
há:
uma canção do Belchior
uma pintura de Dalí (representação de um crucifixo de detalhes indescritíveis)
vejo também Pedro, meu irmão, a embalar um violão
mexicanos andando num deserto sob o sol, espreitados por carcarás longínquos
um telhado feito de árvores e barro
um cortejo fúnebre sobre nuvens em Bangu
um telefonema de ninguém para ninguém
um Chevrolet que desce a serra para o enterro do tio Camus
um martírio despersonificado
um menino sonâmbulo que sai para comprar pão, meu irmão
uma chuva que não água o solo
a África com litorais de navios saqueados por fantasmas negros
a porta-bandeira de salto quebrado
o absurdo na forma de paredes úmidas.
Descubro que as as plantas estão sãs e verdes.
Vejo que vejo, mas estou à distância de mim
e logo não estou no pátio mas sou o chão do próprio pátio,
em seguida converto-me no pátio,
o pátio da Universidade desmedida
que é a vida.
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